Em um mundo em que a aposentadoria virou uma utopia e as pessoas tendem a viver cada vez mais, cuidar da saúde física com certeza passa longe de ser algo 'superficial’. Academicamente falando, é comprovado que treinos de resistência beneficiam a melhora da autoestima, especialmente no caso de mulheres. Pesquisadores fizeram uma pesquisa com universitárias, em que as participantes relataram se sentirem revigoradas após o treino de resistência. As participantes indicaram melhorias em relação à percepção de si mesmas, maior autoestima e autoconfiança, e uma melhora no humor de forma geral.

De fato, o que vemos nas redes sociais ou na mídia é desestimulante e tóxico: o corpo ideal, a sexualização do corpo feminino, coisas que muitas vezes afastam as mulheres de praticarem exercícios e que acabam tornando o início dessa jornada ainda mais exaustiva. Como começar e pior ainda, como se manter motivada, são desafios, especialmente para as mulheres, que também precisam lidar com variações hormonais ao longo do mês, entre outras questões, como a dupla jornada de trabalho.

Talvez o mais importante esteja em encontrar uma atividade que traga prazer e satisfação. Algumas das modalidades que já pratiquei incluem: ioga, pilates, boxe, corrida, trilhas, spinning, aulas coletivas de aeróbica e força, e mais recentemente, academia. Em cada uma dessa atividades, eu observei diferentes benefícios. Aeróbico sempre me ajudou a diminuir a ansiedade, enquanto atividades como a ioga me fazem mais centrada e consciente da minha postura e corpo de uma forma integral. Experimentar diferentes modalidades em curtos espaços de tempo também pode ajudar a manter a motivação. Se você cansar de algo, por que não testar algo diferente?

Já morei sozinha em diferentes lugares como Londres, Floripa, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em cada uma dessas mudanças, o exercício físico sempre foi uma forma de acelerar a minha adaptação: é uma forma fácil de trazer rotina e estabilidade para a sua nova realidade, especialmente ao montar o seu planner semanal.

Um ano em Belo Horizonte
Não tenho um lar

É muito importante ter estratégias que facilitam a adaptação quando optamos por um estilo de vida mais flexível, em que a mudança é bem-vinda, seja de cidade, emprego ou o  que quer que seja: fazer trabalho voluntário, ir na terapia, fazer atividade física, cuidar de si mesma ainda que fazendo coisas pequenas, manter contato com familiares e amigos (além de fazer novos amigos) são coisas que ajudam você a superar o que ficou no passado e a focar no momento presente.

Outra forma de aprender a amar a se movimentar é criar um ambiente de suporte e motivação. Isso pode ser feito por meio da criação de uma comunidade que compartilhe dos mesmos interesses e objetivos. É importante lembrar que a atividade física deve ser vista como um momento de autocuidado e não como uma obrigação.

Ao longo do tempo, eu notei muitos benefícios inesperados, que me ajudam a manter a motivação como:

  • Conseguir colocar minha mala (pesada com seus cosméticos e acessórios) na cabine do avião com facilidade sem precisar precisar pedir ajuda;
  • Ficar feliz com o meu corpo ao provar roupas (e aqui eu não acho que tenha a ver com a aparência, mas com o simples fato do esforço que eu tenho investido em mim mesma);
  • Fazer uma invertida ainda que sem conseguir esticar as duas pernas (só eu e o universo sabemos o quanto me esforcei no último ano para melhorar a minha postura).

Aqui eu não posso deixar de ressaltar que todos esses momentos foram coisas que eu não havia estabelecido como uma meta, mas simplesmente aconteceram e hoje eu prezo muito por isso, são coisas que eu não gostaria de perder. A autonomia física, inclusive ter a habilidade de diminuir níveis de cortisol, o hormônio do estresse, sozinha, não tem preço!

Olhar sob uma ótica de longo prazo também ajuda a cultivar novos hábitos, a aprender novas coisas, sem pressão, assim é possível aproveitar a jornada de verdade. No final, não precisa haver um objetivo ou meta - não precisamos ser atletas - é sobre cuidar da saúde física e mental.

Depois de alguns meses treinando acho que finalmente posso dizer que tenho um novo hábito incorporado na minha rotina. Não é nada regular, 100% todo o tempo, mas eu sinto que a atividade física virou uma espécie de tratamento para a minha ansiedade e uma forma de conectar comigo mesma.

Encontrar formas de se movimentar pode ser um desafio, mas é importante lembrar que o processo de aprendizado pode ser prazeroso e recompensador. Ao criar um ambiente de suporte e experimentar diferentes atividades, é possível descobrir uma forma de se movimentar que traga satisfação e autoestima.

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